Iluminação azul no Palácio Rio Branco marca ações de enfrentamento ao tráfico de pessoas em julho

Por: Carolina Torres

No sábado, 26, o palácio Rio Branco mudou de cor, uma luz azul iluminava o significado da campanha coração azul, que busca combater o tráfico de pessoas no estado do Acre. A iniciativa do governo do Acre por meio da Secretaria de estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) evidencia problemas que parecem não existirem, mas que são visíveis ao olharmos o número de pessoas desaparecidas, ou que são encontradas em situações análogas à escravidão.

Embora muitas vezes invisível, o tráfico de pessoas continua sendo uma realidade presente. Os dados sobre desaparecimentos e situações de exploração escancaram a gravidade do problema. Em 2024, mais de 66 mil pessoas desapareceram no Brasil, segundo o Ministério da Justiça — sendo cerca de 20 mil crianças e adolescentes. No mesmo período, aproximadamente 43,5 mil foram localizadas.

Durante todo o mês de julho de 2024, o Acre intensificou as ações de conscientização com a realização de seminários, distribuição de panfletos, orientações em rodoviárias e aeroportos, e outras atividades voltadas à prevenção. A iluminação do Palácio foi encerrada na quinta-feira, 31 de julho, marcando o encerramento simbólico da programação.

A chefe da divisão e coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no estado, Aymee Guimarães, destacou a importância da data de 30 de julho, reconhecida como o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.

“A cor azul, simboliza a dor das vítimas, mas também a esperança e o nosso compromisso coletivo com a proteção da vida e dos direitos humanos. O tráfico de pessoas é uma violação grave e silenciosa, e precisamos unir forças para preveni-lo e combatê-lo em todas as suas formas”, afirmou.

Dados oficiais

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), esse tipo de crime movimenta cerca de 32 bilhões de dólares por ano em todo o mundo, sendo a maior parte ligada à exploração sexual. O Protocolo de Palermo, adotado pela ONU em 2003, define o tráfico como qualquer ato de recrutamento, transporte ou acolhimento de pessoas para fins de exploração, utilizando-se de ameaça, coação, fraude, abuso de autoridade ou vulnerabilidade.

Dados do Ministério dos Direitos Humanos mostram que, em 2024, foram identificadas 63 vítimas brasileiras de tráfico internacional. Dessas, 58,7% eram homens, 38,1% mulheres, e 3,2% mulheres transgênero.

O enfrentamento ao tráfico de pessoas exige a atuação conjunta de diferentes esferas de governo, forças de segurança, organismos internacionais e da sociedade civil. O fortalecimento dessa rede é essencial para prevenir o crime e reduzir o número de desaparecidos em todo o país.